quarta-feira, 28 de março de 2012

O Conservadorismo no Processo de Aprendizagem
Há muitos séculos a sociedade humana busca entender o seu próprio processo de aprendizagem. Nesta caminhada, muitas teorias foram desenvolvidas, muitas equivocadas pela razão, outras pela falta de conhecimento e tecnologia da época. Mas esses equívocos são perdoados, pois seus desenvolvedores fizeram o melhor de uma geração de pensadores, o que não se perdoa é a utilização dessas ideias ainda hoje por profissionais contemporâneos. Grandes pensadores do século passado, como Piaget, Vygotysk, Skinner, Maslow, Rogers, Merani, Coll, entre outros, promoveram um crescimento no entendimento do processo de aprendizagem. Porém, novos estudos na área de neurociência e cognição humana tem demonstrado que devemos ter cautela com alguns conhecimentos deixados por esses autores. No ano passado Luca Bonatti e seus colegas (Universidade Pompeu Fabra, Espanha) publicaram um estudo na revista Science, onde apresentaram que bebês com menos de 1 ano de idade são capazes de realizar previsões muito avançadas em situações novas, demonstrando que a capacidade de manipulação do futuro já esta presente muito cedo nas crianças, diferente do que se pensava, que esta habilidade mental só se formaria em um estágio bem mais avançado da vida.
Outro artigo da Science apresenta o trabalho de Kovács e colegas, no qual verificaram que aos 7 meses, bebês já são capazes em reconhecer as crenças de outros, demonstrando que a base das interações sociais tem seu início muito cedo na vida, diferente do que se pensa ainda hoje. Outra pesquisadora, Mercura, demonstrou que bebês de 3 meses de idade já são capazes de identificar com precisão a base emocional da fala humana, uma habilidade, mencionada no conhecimento clássico, que era atingida em uma idade mais avançada nas crianças.
Os estudos de Wynn, pesquisadora da Universidade de Yale, tem demonstrado diversas capacidades neurocognitivas desenvolvidas muito cedo nas crianças. Seus estudos com experimentos de alto grau de controle apresentaram de forma sólida, que diversos padrões cognitivos e comportamentais relatados anteriormente por pesquisadores que antecederam a sua geração, estão equivocados. Não por erro dos profissionais, mas pelo limite dos métodos e tecnologia utilizados na época.
Em 2005 a Universidade de Cambridge criou o Centro de Neurociência em Educação, dirigido pela neurocientista Usha Goswami, com o objetivo de ampliar o entendimento do sistema nervoso no processo de aprendizagem. Entre diversos temas, as dificuldades de aprendizagem relacionadas à fala, escrita, leitura e matemática são os mais focados. Diversos conhecimentos já foram produzidos pela equipe de Goswami, e novas formas de entendimento e intervenções para os portadores de distúrbios da aprendizagem já foram comprovados, agora basta a aplicação deste conhecimento na sociedade.
Nesse início de século, temos mais conhecimento de ponta sobre o desenvolvimento do sistema nervoso, processamento cognitivo e aprendizagem humana, que todos os outros juntos. Porém, nossa sociedade ainda vive das crenças, teorias e metodologias defasadas, e com isso, nosso sistema educacional se mantém em um patamar semelhante há 100 anos. Cabe repensar as ações tomadas, o discurso vendido nas formações dos atuais profissionais, ser flexível ao novo e permitir a atualização da visão defasada. Afinal de contas, ninguém anda hoje em dia com um pombo-correio no bolso, mas todos tem um celular. Então, por que ainda carregamos a velha forma de educação, quando temos uma atualizada e com maior eficácia nos esperando? Até o próximo paper...
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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

terça-feira, 20 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (03)
 
Existem diversas formas de abordagem para os transtornos de déficit de atenção, hiperatividade e déficit de atenção com hiperatividade. A mais conhecida é a farmacológica, a qual utiliza estimuladores do sistema nervoso central (SNC), buscando compensar a baixa ativação do córtex frontal. Depois temos as abordagens psicológicas e psicopedagógicas, sendo que a mais utilizada é a cognitiva comportamental. E com índice bem menor de emprego, mas não de menor eficiência e eficácia, existem as abordagem biotecnológicas, que realizam reeducação do sistema neurofisiológico. Esse tipo de abordagem requer a utilização de modernos equipamentos tecnológicos de leitura, processamento, análise e resposta em tempo real do sistema nervoso em sua plenitude de funcionamento. Uma delas é conhecida como Estimulação Transcraniana Magnética, que usa disparos eletromagnéticos sobre o crânio, fazendo com que os neurônios de determinada área deixem de trabalhar de determinada maneira e venham a trabalhar de outra. Esta abordagem é mais invasiva, pois obriga o cérebro a trabalhar em determinado ritmo.


A outra, se utiliza do processo de aprendizagem neural através de retroalimentação neurofisiológica, e é conhecida como treinamento neurocognitivo ou mais popularmente treinamento de Neurofeedback. A abordagem utiliza equipamentos de eletroencefalografia e software avançado para análise do sinal cerebral, sinal esse que é apresentado à pessoa que realiza o treinamento, e assim ela aprende a ajustar sua base neurofisiológica. Essa abordagem é muito utilizada na América do Norte e Europa, no Brasil ainda é pouca conhecida e divulgada, porém apresenta excelentes resultados nos quadros de TDAH. O Neurofeedback não é exclusivo para o TDAH, podendo ser utilizado para resolução de diversos outros problemas, através dos treinos, como pode ser visto no vídeo http://www.youtube.com/watch?v=SKY-TlAt4co.  Em outra oportunidade escreveremos com mais detalhes a abordagem realizada por essa técnica.
Para finalizarmos esse assunto, voltamos a lembrar que a grande maioria dos problemas de TDAH são de ordem funcional, principalmente do córtex frontal, sendo assim, a base para o tratamento a reestruturação da função desta área cerebral, a qual pode ser realizada de diversas formas, e, como vimos acima, apenas é preciso saber qual a mais eficiente para determinada pessoa e qual não afetará o funcionamento de outras áreas cerebrais.

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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro
O Cérebro (03)

Hoje voltamos a nossa jornada sobre o cérebro. No último paper sobre o assunto, tínhamos escrito que a medula espinal foi um grande avanço no que se trata em organização e processamento neural. Em paralelo à evolução da medula espinal e até antes dela, outra forma de organização nervosa apareceu, sendo formada por pequenos grupos de neurônios, os quais aos poucos foram se aperfeiçoando em determinada função. Estes grupos de neurônios hoje são conhecidos como gânglios, já estavam presentes em diversos animais primitivos, e os que ainda não foram extintos, possuem os gânglios como centro nervoso superior. Em nós seres humanos, os principais gânglios nervosos e também os mais conhecidos são os gânglios simpáticos e os gânglios parassimpáticos.
Na verdade a medula espinal também é formada por diversos gânglios, porém distribuídos de forma diferente.  É por isso que dissemos que a medula espinal e a base nervosa ganglionar tiveram uma evolução paralela e provavelmente de um ancestral orgânico em comum, onde cada um se especializou em determinada função e estrutura, sendo que em determinados seres apenas um destes sistemas se manteve, já nos seres superiores, como nós humanos, ambos foram preservados.
Como descrito anteriormente, e semelhante à medula espinal, os gânglios são capazes de realizar cognição em um nível um pouco mais complexo do que a comunicação neural simples. Porém, na maioria dos seres mais evoluídos, eles apenas fazem parte da base simples da cognição, sendo diretamente monitorados pelo tronco encefálico. Geralmente existe uma fina comunicação e autoajuste entre a base ganglionar e o tronco encefálico, fazendo que o comportamento gerado seja um conjunto de ambos. Porém, algumas doenças ou síndromes afetam o bom funcionamento do sistema ganglionar simpático e parassimpático, provocando diversos problemas de ordem orgânica e mental.
Os gânglios simpáticos e parassimpáticos estão envolvidos com a regulação de diversos órgãos e glândulas de nosso corpo, e são conhecidos como sistema nervoso autônomo. Este sistema possui três locais de processamento, os gânglios periféricos, o tronco encefálico e o hipotálamo. De forma bem resumida, o sistema autônomo é o grande responsável pela autorregulação orgânica e pela manutenção de um meio favorável à vida, sendo que uma desregulação deste sistema provoca um desequilíbrio do estado ideal de preservação dos demais sistemas orgânicos, podendo levar a morte.
Devido a sua importância na preservação da base fisiológica da vida, o estado de equilíbrio entre o sistema autônomo simpático e parassimpático se faz necessário, para que seja possível realizar processamentos cognitivos de nível superior. Nos arredores da década de 50 do século XX, um psicólogo chamado Abraham Harold Maslow, buscou o conhecimento da neurofisiologia para embasar seus estudos sobre Teoria a respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas, e em 1954 publicou o livro "Motivation and Personality", o qual trás sua famosa pirâmide de necessidades humanas (muito conhecida na área de gestão), onde sabiamente colocou como base de sua pirâmide as necessidades fisiológicas, as quais são constantemente monitoradas pelo sistema autônomo. Sem a estabilidade deste sistema, não é possível conseguirmos realizar com grande perfeição as ações dos outros níveis de cognição.
Mas o que tudo isso tem a haver com o nosso dia-a-dia? A resposta é simples: não se tem bom aprendizado com fome, frio, medo, raiva...  como também não se consegue ótimas soluções no trabalho com baixo nível de glicose no sangue, altos níveis de triglicerídeos circulando, com ruído excessivo, com excesso de tarefas.......todos esses fatores que relatamos são ativadores do sistema simpático, fazendo com com que as áreas superiores do nosso cérebro se preocupem em achar uma solução para a vida, e não com a pergunta básica do momento: “quantos são 2 + 2?”. Para o sistema autônomo essa questão não está nas prioridades da vida.
Em outro paper veremos como são organizadas as estruturas mais evoluídas de nosso sistema nervoso, até o próximo....
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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

sexta-feira, 16 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (02)

Continuando... Este efeito de redução no número de receptores e a consequente necessidade da elevação da dosagem do fármaco faz com que ocorra uma mudança na microestrutura cerebral, semelhante ao que acontece com usuário de drogas após um determinado tempo de uso. Dependendo do tempo de utilização do fármaco, será necessário um tempo de redução considerável para que o sistema nervoso consiga voltar a realizar suas funções normais, sem que haja abstinência. Mas, voltando ao transtorno, devemos ter em mente alguns pontos chaves:
a) toda criança é enérgica, umas mais e outras menos, então cuidado ao dizer que tudo é hiperatividade;
b) é normal crianças criarem um mundo imaginário e divagarem em determinadas situações, então cuidado ao dizer que tudo é desatenção;
c) existem os que apresentam apenas déficit de atenção sem hiperatividade, sendo taxados de queridinhos, centrados e focados, e, por muitas vezes os professores e pais dizem “não entendo como não aprende, é tão centrado(a)!”, então cuidado em enquadrar todos os quietos como atentos, atenção não tem nada a haver com quietude, tem haver com foco e manutenção do foco;
d) existem os que apenas apresentam hiperatividade sem déficit de atenção, não param um segundo, mexem em tudo, são os castigos dos pais e professores - que costumam dizer “ele não para, é mal comportado, vive incomodando, mas tem muita sorte, pois vai bem nas avaliações!”, cuidado em rotular todos os agitados como desatentos, muitos apresentam atenção acima da média, e, muitas vezes por isso, tendem a ser mais dinâmicos, o que pode ser confundido com a hiperatividade.  Então, cuidado! A hiperatividade não tem nada a ver com desatenção e falta de capacidade cognitiva e sim com necessidades de dinamismo nas atividades e inquietude motora;
e) e por último se encontra o grupo dos que apresentam déficit de atenção e também a hiperatividade. Eles não costumam parar quietos e não mantém o foco em nada, mas isso não significa que não consigam aprender, sendo apenas necessária uma forma diferente de abordagem para eles. Pais e professores costumam dizer: “não sei mais o que fazer com ele, já falamos mais de mil vezes, já levamos a vários profissionais, mas nada adianta, acho que ele nunca vai conseguir ser alguém!”. Precisamos compreender que os discursos direcionados para se focarem e pararem quietos não funcionam! Não está sob o controle deles a perda de foco e a agitação, e o melhor a ser feito é auxiliar no desenvolvimento de um ambiente que propicie uma mudança na base neurofisiológica, permitindo que o seu comportamento possa mudar aos poucos.
Existem diversas formas de reestruturação neurofisiológica para os casos de déficit de atenção, para os de hiperatividade e para os de déficit de atenção e hiperatividade, e até os fármacos são mais apropriados para um, e não são indicados à outro. Quais seriam essas formas? Daremos tempo para vocês investigarem e levantarem suas próprias hipóteses. Em breve retornaremos....

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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

quinta-feira, 15 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (01)
Hoje vamos deixar de escrever nossa sequência sobre a estrutura do cérebro para relatar sobre um tema que muitas pessoas nos questionam: TDAH. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade conhecido como TDAH, tem crescido drasticamente nos últimos anos, em número de casos registrados pelos órgãos de saúde. O transtorno apresenta diversas possíveis causas, porém a desregulação neurofisiológica dos lobos frontais são os responsáveis pelo maior percentual dos efeitos observados. O lobo frontal, com desenvolvimento expandido nos seres humanos, tem a grande função de monitorar as demais áreas do cérebro, bem como dirigir o foco de atenção e planejar as ações futuras. Ele não é uma unidade única, mas sim formado por diversas pequenas subáreas, as quais são responsáveis pelo processamento fino de diversas habilidades mentais de nível hierárquico elevado. É o último lobo a se maturar, sendo que essa maturação é variável de pessoa para pessoa, dentro da faixa que vai dos 16 aos 25 anos. Além da maturação tardia, é o mais frágil dos centros cerebrais, sujeito a desregulação por desnutrição, fatores ambientais, drogas, estresses e sobrecarga cognitiva e emocional.
O TDAH tem um fator genético muito forte, porém apenas 2% dos casos são irreversíveis. Os estudos tem apontado uma alteração na capacidade de oxigenação, bem como uma mudança na base dopaminérgica e noradrenérgia das áreas frontais, o que faz com que seu portador apresente um comportamento de desatenção e hiperatividade, que na verdade é causada por um lobo frontal lento, o qual não consegue monitorar e elaborar respostas a tempo hábil para frear as ações equivocadas de outras áreas do cérebro.
Muitos portadores de TDAH apresentam reversão do seu quadro após o amadurecimento do córtex frontal. Porém, uma grande maioria não consegue atingir essa reversão. Mesmo os que conseguem, relatam que durante o período do transtorno, tiveram uma vida muito frustrante, e que não trazem boas recordações daquela época. Hoje, a maioria dos tratamentos é mediado através de fármacos, principalmente com Ritalina (em outra ocasião falaremos sobre ação deste fármaco no cérebro), os quais agem principalmente sobre os recaptadores de dopamina e noradrenalina, fazendo que estes dois neurotransmissores se mantenham por muito mais tempo na fenda sináptica e com isso aumente a probabilidade de acionar os receptores na membrana pós-sináptica.
Todos os fármacos agem no efeito do problema, são ótimos para neutralizar o problema, nos dando tempo para identificar e neutralizar o causador do distúrbio. Porém, hoje eles são utilizados como forma de tratamento da causa, o que não é verdade. Explicaremos o porquê. Todo neurônio tem conhecimento de si e dos seus companheiros a sua volta, bem como das substâncias que estão no seu espaço extracelular. Quando colocamos substâncias que amplifiquem a concentração de outras, os neurônios afetados agem retirando seus receptores, buscando um estado de equilíbrio. Desta forma, a causa não é neutralizada, e sim, uma quantidade maior da substância terá que ser fornecida, para que o mesmo efeito seja alcançado. Continuaremos ...
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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

quarta-feira, 14 de março de 2012

O Cérebro (02

Depois da organização das redes periféricas, o próximo passo majestoso da natureza, foi o desenvolvimento de um centro básico de recebimento e distribuição dos cabos que chegam e saem do SNC. Em nosso corpo, esse centro é conhecido como medula espinal ou espinhal, a qual possui diversas funções. Em seres vivos de nível baixo na escala evolutiva, a medula espinal é o nível mais elevado de hierarquia do sistema nervoso. Através desses seres, somos capazes de observar o quanto é complexa e rica a base nervosa da medula espinal. Ela é capaz de realizar cognição em um nível muito mais refinado que as ligações locais realizadas pelo sistema periférico.
A aquisição da informação para análise, processamento e a seleção da resposta, se apresentam em um grau mais elaborado e organizado. A medula espinal é responsável pela grande maioria das ações que conhecemos como reflexos. Ela está estruturalmente organizada de forma que possibilite, ao mesmo tempo, realizar seu nível de cognição e conduzir informações aos níveis superiores de processamento cognitivo. Em nós, seres humanos, grande parte das ações básicas de controle e monitoramento básico motor, são de responsabilidade da medula espinal. Ela nos permite o tônus muscular ideal, a propriocepção de nossas articulações, entre outras ações. Hoje sabemos que as atividades que provocam ativação do sistema espinal, trazem diversas melhorias na base cognitiva de hierarquia superior. Os relatos de pessoas paraplégicas, que observam melhoras na capacidade de concentração, estado de humor e estado emocional, após iniciarem a prática de exercícios funcionais e equoterapia, estão relacionadas às melhoras na qualidade do sistema espinal, o qual estava em estado de atrofia devido ao acidente ou distúrbios.
Como podemos ver, a medula espinal foi uma estrutura necessária na construção evolutiva do sistema nervoso, (mas não indispensável à vida, assim como o sistema nervoso também não é), que permitiu ampliar a complexidade dos seres.
Continuaremos no próximo Paper, até mais.


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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

terça-feira, 13 de março de 2012

O Cérebro (01)

A forma mais fácil para entendermos como o cérebro funciona, é realizando analogias com o mundo palpável ao nosso redor. Imagine que a natureza ao iniciar sua demorada construção da estrutura do cérebro tenha adquirido preciosas informações com um engenheiro civil, um arquiteto e um designer. Desta forma, a primeira coisa que ela fez, foi o desenvolvimento das redes de ligações, assim como em um edifício, onde antes de erguê-lo é necessário deixar os locais para passagem da rede hidráulica, elétrica e etc. Estes locais são a base primária em toda construção. No cérebro não é diferente, sua base primária são as redes de nervos periféricos, que levam informações ao sistema nervoso central (SNC) – vias aferentes ou sensórias – e as que levam informações do SNC para outros sistemas do corpo – vias eferentes ou motoras.
A ligação dessas vias, diferentemente das redes que possuem ligação direta que estamos acostumados a ver (como as redes elétricas, telefônicas e outras), são realizadas com a passagem da informação de um neurônio para outro, sendo que cada neurônio, ou pequenos grupos deles, já realizam uma pequena parcela de interpretação e modificação do sinal que recebeu e em seguida repassa ao próximo. É nesses neurônios iniciais, que se forma processo cognitivo mais básico, isto é, onde é realizada a base da decodificação, interpretação e geração de respostas. Por que tudo isso é importante? Porque tendemos a glorificar a autocognição, o nível mais alto de hierarquia cognitiva, esquecendo que erros nos processamentos básicos, levam informações equivocadas para os níveis superiores, que realizarão um processamento correto, porém com informações erradas.
Com isso, respostas certas são geradas para a informação analisada, mas erradas para o comportamento que deveria ser realizado sobre a informação real, a qual foi distorcida pelo sistema básico. Muitas das intervenções clínicas, terapêuticas e pedagógicas, são realizadas sobre o nível mais alto de hierarquia cognitiva, porém, muitos dos causadores dos problemas, não estão nesse nível, e sim, em níveis mais baixos. O resultado é lento e, na maioria das vezes, pouco eficiente. Não existem fórmulas mágicas para trabalharmos com o cérebro. O que existe hoje são conhecimentos suficientes para identificarmos onde está o(s) causador(es) do problema, e através de planejamento estruturado, elaborar um plano de ação dinâmico e flexível, o qual conduzirá o cérebro às mudanças necessárias dentro do nível que se encontra instalado a causa. Continuaremos nossa jornada de conhecimento do cérebro no próximo Paper.

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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Abnara Neurociência é um dos departamentos da empresa Abnara, com o objetivo de passar informações atualizadas quanto a Neurociência e seus ramos de aplicação. Desta forma, trará conteúdos direcionados para a educação, esportes, saúde, empreendedorismo e gestão. Nos próximos dias, diversos textos serão publicados no blog, bem como relatos de casos aplicados. Os profissionais Valdeci Foza, Alessandra Kayser Pinheiro e Matheus Mangini Bertuzzo estarão editando e recebendo materiais de diversos profissionais da área para postar no blog. Acompanhe nosso blog e nos escreva, será um prazer compartilhar idéias e conhecimento com vocês.

por Valdeci Foza
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