terça-feira, 13 de março de 2012

O Cérebro (01)

A forma mais fácil para entendermos como o cérebro funciona, é realizando analogias com o mundo palpável ao nosso redor. Imagine que a natureza ao iniciar sua demorada construção da estrutura do cérebro tenha adquirido preciosas informações com um engenheiro civil, um arquiteto e um designer. Desta forma, a primeira coisa que ela fez, foi o desenvolvimento das redes de ligações, assim como em um edifício, onde antes de erguê-lo é necessário deixar os locais para passagem da rede hidráulica, elétrica e etc. Estes locais são a base primária em toda construção. No cérebro não é diferente, sua base primária são as redes de nervos periféricos, que levam informações ao sistema nervoso central (SNC) – vias aferentes ou sensórias – e as que levam informações do SNC para outros sistemas do corpo – vias eferentes ou motoras.
A ligação dessas vias, diferentemente das redes que possuem ligação direta que estamos acostumados a ver (como as redes elétricas, telefônicas e outras), são realizadas com a passagem da informação de um neurônio para outro, sendo que cada neurônio, ou pequenos grupos deles, já realizam uma pequena parcela de interpretação e modificação do sinal que recebeu e em seguida repassa ao próximo. É nesses neurônios iniciais, que se forma processo cognitivo mais básico, isto é, onde é realizada a base da decodificação, interpretação e geração de respostas. Por que tudo isso é importante? Porque tendemos a glorificar a autocognição, o nível mais alto de hierarquia cognitiva, esquecendo que erros nos processamentos básicos, levam informações equivocadas para os níveis superiores, que realizarão um processamento correto, porém com informações erradas.
Com isso, respostas certas são geradas para a informação analisada, mas erradas para o comportamento que deveria ser realizado sobre a informação real, a qual foi distorcida pelo sistema básico. Muitas das intervenções clínicas, terapêuticas e pedagógicas, são realizadas sobre o nível mais alto de hierarquia cognitiva, porém, muitos dos causadores dos problemas, não estão nesse nível, e sim, em níveis mais baixos. O resultado é lento e, na maioria das vezes, pouco eficiente. Não existem fórmulas mágicas para trabalharmos com o cérebro. O que existe hoje são conhecimentos suficientes para identificarmos onde está o(s) causador(es) do problema, e através de planejamento estruturado, elaborar um plano de ação dinâmico e flexível, o qual conduzirá o cérebro às mudanças necessárias dentro do nível que se encontra instalado a causa. Continuaremos nossa jornada de conhecimento do cérebro no próximo Paper.

Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário