sexta-feira, 12 de abril de 2013

Bases Moleculares da Depressão


No texto anterior, abordamos as principais estruturas, ligações e funcionamento cerebral envolvidos na depressão. Neste iremos apresentar, de forma geral, como a depressão ocorre em bases moleculares no sistema nervoso. No atual período da ciência, temos indicativos fortes que o principal agente químico (neurotransmissor) envolvido no estado depressivo é a serotonina. Os neurônios produtores de serotonina (denominados serotoninérgicos) estão localizados em uma estrutura conhecida como núcleos da rafe (ver figura 1). Deste local, os neurônios distribuem seus axônios para diversas partes do cérebro, conduzindo informações na forma elétrica a qual ativará a base de sinalização química (neurotransmissor serotonina), que é liberado no espaço entre o neurônio serotoninérgico e o neurônio que irá receber a mensagem química (ver figura 2).

Nas pessoas sem depressão, essa dinâmica neuromolecular ocorre de forma equilibrada. Porém, nos deprimidos a quantidade de serotonina disponível para o neurônio receptor está diminuída, isso provoca uma redução na passagem de informação em muitos neurônios, fazendo com que algumas áreas se mantenham com uma ativação elevada, enquanto outras apresentem baixa ativação.

A diminuição da oferta de serotonina no espaço entre neurônios, área conhecida como fenda sináptica, se deve a vários fatores:

-Produção diminuída de serotonina devido a baixa concentração de substrato e/ou número reduzido de enzimas responsáveis pela sua produção;

-Elevada concentração ou atividade das catecolaminas (no caso da serotonina a COMT), do aldeído desidrogenase e pelas monoaminas oxidases (MAO);

-Baixa capacidade de produção de vesículas responsáveis pela armazenagem das moléculas de serotonina;

-Alta concentração de receptores no neurônio pré-sináptico;

-Baixa concentração de receptores no neurônio pós-sináptico;

-Mau funcionamento nos receptores pré-sinápticos e/ou nos receptores pós-sinápticos.
Esquerda pessoas sem depressão, Direita pessoas com depressão
 
Mesmo com uma gama de fatores envolvidos no estado depressivo de ordem molecular, a alta taxa de remoção e a baixa taxa de produção da serotonina são apontadas como os fatores mais fortes, seguidos pelos agentes responsáveis pela sua desintegração e, por último, por erros no sistema de receptores e receptadores serotoninérgicos.

Mais adiante escreveremos sobre como agem os fármacos na base molecular e seus efeitos sobre o estado depressivo.

 Por Valdeci Foza e Alessandra Kayser Pinheiro

terça-feira, 2 de abril de 2013

Depressão

Nos últimos anos foi possível entender as causas biológicas que levam o cérebro a desenvolver o quadro depressivo. Hoje sabemos que diversas áreas mudam seu funcionamento devido à exposição prolongada ou a um quadro intenso ao stress. As principais áreas que apresentam modificações em seu funcionamento e que levam ao quadro depressivo são: o córtex pré-frontal, o hipocampo, a amígdala e o córtex cingulado (ver figura 1).
 
 No córtex pré-frontal, três subáreas estão envolvidas:
1) O Ventro-medial - responsável por mediar os aspectos conscientes relacionados com a dor, a ansiedade e as ruminações - apresenta uma redução da massa cinzenta e um aumento de ativação;
2) O Orbito lateral - normalmente envolvido na supressão ou modulação das respostas emocionais - tem sua ativação aumentada;
3) O Dorsolateral - envolvido, em conjunto com o córtex do cíngulo, nas ações cognitivas, na memória de trabalho, no gerenciamento da apatia e na alteração da atenção - apresenta uma massa cinzenta e uma ativação diminuída.
O Hipocampo - responsável pelo gerenciamento das memórias e na modulação do humor - sendo a área mais vulnerável aos mecanismos de neurotoxidade induzida pelo stress, tem sua massa cinzenta diminuída e uma ativação elevada nos primeiros ciclos da depressão e, com o passar do tempo, apresenta uma diminuição na sua ativação.
A Amígdala - responsável por mediar valores emocionais positivos ou negativos aos estímulos e gerenciar as memórias emocionais - apresenta tamanho e ativação aumentadas, porém, principalmente em mulheres, tende a apresentar uma ativação diminuída se o quadro se torna crônico.
O Córtex Cingulado - responsável pelo monitoramento dos comportamentos através de base emocional, regulação da motivação e da resposta simpática - apresenta uma ativação excessiva no início e com o tempo torna-se hipoativo.
 
Em nossos trabalhos com treinamento eletrofisiológico através da técnica de neurofeedback, buscamos reestabelecer a ativação ideal das áreas envolvidas na depressão e, durante as avaliações realizadas, sempre observarmos um elevado grau de sincronia entre as diversas áreas cerebrais, porém, a literatura não apresentava dados referentes a esse fenômeno em pessoas depressivas. Mas, para nossa surpresa, no início de 2012, nos deparamos com um artigo que falava exatamente sobre o alto nível de sincronia entre as áreas cerebrais em pessoas depressivas. Desta forma, começamos a trabalhar em conjunto: o restabelecimento da ativação e da sincronia nas áreas responsáveis pelo quadro depressivo. Os resultados foram excelentes. Abaixo se encontra um resumo geral do artigo.
Em seu estudo publicado na revista PLoS o psiquiatra e pesquisador Andrew Leuchter do Semel Institute for Neuroscience and Human Behavior (UCLA), realizado com 121 pacientes deprimidos e 121 pessoas sem nenhum tipo de problemas mentais, utilizando um método inovador na análise dos dados coletados por EEG, denominado de “análise ponderada do cérebro” observou que os 121 sujeitos depressivos apresentavam um alto nível de sincronia das faixas de frequências de ondas elétricas cerebrais, entre as diversas áreas do cérebro, demonstrando que depressivos apresentam cérebros hiperconectados (ver figura 2 - MDD = depressivos). 
Já sabíamos que regiões do cérebro rigidamente sincronizadas obrigam o cérebro ser inflexível. Assim, um cérebro que não pode desempenhar suas funções de forma minuciosas e realizar seu processamento de forma independente e específica, fica preso em um processamento geral, semelhante a um computador travado, que mesmo processando não consegue realizar suas tarefas básicas. Desta forma, parece que o cérebro do depressivo entra em um processo disfuncional de ordem de ativação e de sincronia, fazendo que todo seu processamento busque o mesmo objetivo, ficando preso em um circulo vicioso, que geralmente tem como foco informações negativas. Este processo acaba provocando um desgaste geral no sistema nervoso, levando a pessoa não mais buscar a socialização e se engajar em atividades, se mantendo sempre em um estado de cansaço e desmotivação.
Assim, aqui na Abnara, buscamos intervir no reequilíbrio neurofuncional, agindo ao mesmo tempo sobre a estabilidade das áreas cerebrais e no equilíbrio da sincronia entre as áreas. Desta forma permitimos que o cérebro retome sua capacidade de flexibilidade, maleabilidade e especificidade. O principal objetivo de nossas intervenções neurofisiológicas, assim como outras intervenções apresentadas no mercado (terapia, farmacológica, etc.), é permitir que o sistema nervoso da pessoa depremida consiga, novamente, adquirir sua capacidade de funcionamento saudável (ver figura 3).

 
Em breve escreveremos como essas disfunções ocorrem em ordem molecular no cérebro da pessoa deprimida.
 
Por Valdeci Foza e Alessandra Kayser Pinheiro

segunda-feira, 25 de março de 2013

Discalculia

Ao relembrarmos histórias do tempo de escola facilmente vem à mente fleches de diversas situações onde os alunos não gostavam de matemática, expressões tais como: “acho a matéria difícil”, “eu não consigo entender”, “isso é impossível aprender” e enfim, todas as formas de angústia e desgosto pela incapacidade de realizar a tarefa solicitada como os demais alunos.
Essas dificuldades nos levantam algumas questões: Mas por que isso ocorre? Será a falta de preparo dos professores para a realização de aulas encantadoras? Seria a distância entre a atividade realizada e seu uso real na vida do aprendiz? Ou ainda, o desinteresse dos alunos por estudar a disciplina que exige raciocínio lógico-matemático? Para muitos, esses fatores podem estar combinados em maior ou menor grau, formando um quadro de dificuldade de aprendizagem. Mas em alguns casos específicos, essas dificuldades na aquisição das habilidades e competências matemáticas podem estar relacionadas a um quadro denominado de DISCALCULIA.
A DISCALCULIA é um distúrbio neurológico, semelhante à dislexia (ver artigo anterior), que afeta o desenvolvimento das habilidades numéricas, podendo ser entendido como a incapacidade de processamento e compreensão conceitual de quantidades, grandezas e de raciocínio lógico necessário à resolução de problemas. Possui origem associada a desordens genéticas ou congênitas, nas partes específicas cerebrais que são substrato anatômico fisiológico de maturação das habilidades matemáticas.
Desde o nascimento possuímos habilidades para lidar com as demandas matemática do nosso meio, como a compreensão implícita de numerosidade, ordinalidade, grandezas, contagem e aritmética simples, que formam um sistema matemático não simbólico. Por exemplo, bebês com poucos meses já podem identificar numerosidades entre 1, 2 ou 3 elementos e apresentam compreensão de grandeza e quantidade. Com o passar dos meses a criança inicia a aprendizagem da simbologia e é nessa fase, durante os anos pré-escolares, que a capacidade de processamento matemático se desenvolverá fortemente em conjunto com a estruturação da linguagem. Na sequência, as crianças aprendem a representar números com processamento simbólico, o que permitirá a manipulação e comparação mental de quantidades precisas. Embora tenhamos essa capacidade inata, muitos não se dão bem com a tal matemática formal.
Até pouco tempo atrás, não tínhamos conhecimento das bases neurobiológicas de como esses processamentos ocorriam, e muito menos das disfunções que ocorriam no sistema nervoso de quem possuía discalculia. E devido esse desconhecimento, quanto a dificuldade de aprendizagem e de entendimento da matemática, as pessoas com discalculia eram taxadas como sujeitos com: falta de interesse, problemas de traumas familiares e até mesmo falta de inteligência, ou com professores incompetentes e negligenciadores. Com o avanço da tecnologia e do conhecimento, esses mitos foram desqualificados e hoje temos uma gama de informações sólidas que alicerçam como o cérebro gera a discalculia.
Através da utilização de imageamento cerebral, eletroencefalografia, e outros métodos foram possíveis investigar e encontrar as bases neurobiológicas do processamento numérico. O primeiro e grande salto foi à descoberta que o lobo parietal é a área cerebral responsável para a representação de domínio específico de quantidades, das funções verbais, espaciais e do foco de atenção para a resolução de operações de quantidades, grandezas, proporções e números. E através de inúmeros estudos realizados, utilizando essas tecnologias durante a realização de tarefas numéricas, foi possível identificar que o sulco intraparietal (IPS) bilateral representa o papel chave da especificidade numérica no cérebro (ver figura). Em pessoas que não possuem discalculia, esta área é ativada sempre que os números são manipulados, independentemente da forma de notação. Além disso, a área IPS ativa e seleciona as ondas eletrofisiológicas de forma proporcional a exigência cognitiva numérica da tarefa. Posteriormente, foi identificado que pessoas com discalculia apresentam baixa ativação e erro de seleção das frequências das ondas eletrofisiológicas dessa área, e de integração com outras áreas necessárias para a realização plena do processo cognitivo lógico-matemático.
Outra área do cérebro envolvida na resolução de problemas matemáticos é o giro angular esquerdo (ver figura), o qual desempenha o papel de apoiar a recuperação da memória de longo prazo para o reconhecimento de fatos matemáticos. Esse processamento cognitivo, o giro angular esquerdo realiza em conjunto com o hipocampo. Por exemplo, na resolução de problemas de multiplicação é necessário recuperar o resultado através da memória, ou seja, relembrar as antigas “tabuadas” memorizadas na infância, e quem faz essa tarefa é o giro angular esquerdo.
 
Outra área recrutada é o córtex frontal medial bilateral, o qual se responsabiliza por realizar a integração das informações do processamento matemático e da conceituação numérica (realizado pelo IPS e pelo giro angular esquerdo), pela manutenção do foco de atenção, da memória de trabalho e através dessas operações realiza o processamento da articulação do desenvolvimento matemático. Mais recentemente, desenvolveu-se o conceito de “linha numérica mental”, a qual seria a forma como nosso cérebro integra a resolução de problemas matemáticos, com a atenção visual e a memória visuo-espacial de curto prazo e informações integradas de outras áreas para chegar a solução da tarefa, sendo a região IPS a grande responsável por esse gerenciamento.
Porém, em pessoas com discalculia, as áreas parietais responsáveis pela realização da base de quantidade, grandeza, operações simbólico e não-simbólico numérico e conceito matemático, apresentam um erro de ativação das ondas cerebrais, desta forma demoram ou passam informações equivocadas para as áreas frontais, que buscando suprir esse déficit, acaba desenvolvendo um funcionamento alterado e gerando uma fadiga por hiperativação da sua base eletrofisiológica, o que acaba frustrando a pessoa, o que, posteriormente, leva ao desgosto pela matemática.
Aqui na Abnara, semelhante com os problemas de dislexia, buscamos, nas áreas responsáveis pelo desenvolvimento da discalculia, reequilibrar à ativação das frequências das ondas eletrofisiológicas e sincronizar essas áreas, através do treinamento eletrofisiológico (neurofeedback) e de intervenções neuropedagócica com o objetivo de desenvolver a plasticidade de acesso à rede neural eficiente do processamento matemático pela pessoa que apresenta o quadro de discalculia.
Por Alessandra Kayser Pinheiro e Valdeci Foza

terça-feira, 19 de março de 2013

Bases Biológicas da Dislexia

A principal causa da dislexia é de origem biológica. Um erro genético altera a base funcional do sistema nervoso do disléxico e faz com que seu cérebro trabalhe de forma equivocada no processamento da informação, em determinada subárea e na interligação entre as algumas das subáreas cerebrais. 
Hoje, através dos estudos realizados com eletroencefalograma, ressonância magnética e tomografia, temos conhecimento da existência dessas subáreas cerebrais que estão diretamente envolvidas com a dislexia. Uma delas está localizada em uma área mais profunda e primitiva do cérebro, área essa que serve de elo entre as informações externas e internas das diversas áreas, conhecida por tálamo. O tálamo do disléxico apresenta uma alteração na camada de neurônios magnocelulares, o que provoca um déficit de processamento rápido das informações que chegam a ele, sejam elas de origem externa ou interna.
As outras áreas envolvidas estão localizadas no córtex cerebral, a estrutura evolutivamente mais moderna do nosso cérebro. Um dos locais está situado na região posterior esquerda, conhecida como área occipito-temporal, a qual é responsável por realizar a análise da forma da palavra, isto é, reconhecer que aqueles símbolos unidos representam uma determinada forma geral, o qual terá posteriormente um significado. Esta análise é realizada a partir das informações que chegam do tálamo. Outra subárea está localizada em uma posição mais superior e medial em relação da primeira, conhecida como área parieto-temporal. Essa subárea recebe a informação processada na anterior, quanto à forma da palavra, e realiza a análise conceitual da mesma, dando significado ao símbolo. A próxima subárea está em uma região mais frontal e inferiormente do cérebro, denominada área do giro frontal inferior. Ela recebe as informações das outras duas áreas anteriores e realiza o processamento que  permite a articulação da palavra. Em outras palavras, vai recrutar outras áreas cerebrais, principalmente subáreas frontais do hemisfério direito, parietais direito e esquerdo e os lobos temporais, para realizar a localização da palavra no contexto da fala, frase, entonação, prosódia, entre outros. Assim, em conjunto, essas áreas produzem o léxico, a sintaxe e a semântica da linguagem durante a leitura.

Porém, no disléxico essas áreas estão com o funcionamento alterado ou diminuído. Sabe-se que as duas áreas corticais posteriores do hemisfério esquerdo, apresentam uma baixa ativação durante a ação no léxico. E como forma de compensar, o sistema nervoso acaba aumentando a ativação da área do giro frontal inferior esquerdo, e recrutando a mesma área no hemisfério direito. Este acionamento bilateral do giro frontal inferior provoca uma estimativa da palavra, isso é, o cérebro do disléxico acaba tentando estimar ou adivinhar qual a palavra que leu, ao invés de realizar o reconhecimento e o conceito da palavra (Ver figura 1). Além disso, estudos recentes têm apontado que os disléxicos, além dos fatores acima mencionados, não conseguem realizar a troca de ativação hemisférica necessária para o amadurecimento da leitura e escrita. No início da aprendizagem da leitura e da escrita, assim como na aprendizagem da matemática, as áreas parietais do hemisfério direito apresentam um acionamento maior, mas aos poucos a ativação vai diminuindo no lado direito e o lado esquerdo passa a dominar. Essa mudança hemisférica parece ser necessária para que a leitura, escrita e cálculos sejam realizados de forma fluente. E isso não acontece no disléxico (Ver figura 2).
Além dos problemas diretos da dislexia, o fato do disléxico se submeter constantemente em situações de fracasso e de constrangimento, faz com que mudanças também ocorram nas áreas responsáveis pelo gerenciamento das emoções. Depois de instalada a mudança funcional nas áreas emocionais, o tempo necessário para corrigir o déficit do disléxico, aumenta consideravelmente.
Aqui na Abnara temos abordado o problema da dislexia com intervenções diretas na base neurofisiológica, onde buscamos realizar a reeducação funcional das áreas envolvidas, desativando as regiões do giro frontal inferior bilateral, principalmente do hemisfério direito, ativando as regiões occipito-temporal e parieto-temporal; reestabelecendo a coerência entre as três áreas corticais e, na maioria das vezes, buscamos estabilizar a ativação das áreas responsáveis pela emoção. Em conjunto com as intervenções neurofisiológicas, realizamos intervenções indiretas através abordagem neuropedagógica e psicopedagógica, desenvolvendo contextos, materiais e modelos cognitivos próprios para cada cérebro disléxico, buscando possibilitar informações entendíveis e modificadoras das áreas em questão, permitindo, assim, que o sistema nervoso realize de forma ampla a plasticidade neural necessária para a modificação do estado cerebral do disléxico.
Por Valdeci Foza e Alessandra Kayser Pinheiro


quarta-feira, 28 de março de 2012

O Conservadorismo no Processo de Aprendizagem
Há muitos séculos a sociedade humana busca entender o seu próprio processo de aprendizagem. Nesta caminhada, muitas teorias foram desenvolvidas, muitas equivocadas pela razão, outras pela falta de conhecimento e tecnologia da época. Mas esses equívocos são perdoados, pois seus desenvolvedores fizeram o melhor de uma geração de pensadores, o que não se perdoa é a utilização dessas ideias ainda hoje por profissionais contemporâneos. Grandes pensadores do século passado, como Piaget, Vygotysk, Skinner, Maslow, Rogers, Merani, Coll, entre outros, promoveram um crescimento no entendimento do processo de aprendizagem. Porém, novos estudos na área de neurociência e cognição humana tem demonstrado que devemos ter cautela com alguns conhecimentos deixados por esses autores. No ano passado Luca Bonatti e seus colegas (Universidade Pompeu Fabra, Espanha) publicaram um estudo na revista Science, onde apresentaram que bebês com menos de 1 ano de idade são capazes de realizar previsões muito avançadas em situações novas, demonstrando que a capacidade de manipulação do futuro já esta presente muito cedo nas crianças, diferente do que se pensava, que esta habilidade mental só se formaria em um estágio bem mais avançado da vida.
Outro artigo da Science apresenta o trabalho de Kovács e colegas, no qual verificaram que aos 7 meses, bebês já são capazes em reconhecer as crenças de outros, demonstrando que a base das interações sociais tem seu início muito cedo na vida, diferente do que se pensa ainda hoje. Outra pesquisadora, Mercura, demonstrou que bebês de 3 meses de idade já são capazes de identificar com precisão a base emocional da fala humana, uma habilidade, mencionada no conhecimento clássico, que era atingida em uma idade mais avançada nas crianças.
Os estudos de Wynn, pesquisadora da Universidade de Yale, tem demonstrado diversas capacidades neurocognitivas desenvolvidas muito cedo nas crianças. Seus estudos com experimentos de alto grau de controle apresentaram de forma sólida, que diversos padrões cognitivos e comportamentais relatados anteriormente por pesquisadores que antecederam a sua geração, estão equivocados. Não por erro dos profissionais, mas pelo limite dos métodos e tecnologia utilizados na época.
Em 2005 a Universidade de Cambridge criou o Centro de Neurociência em Educação, dirigido pela neurocientista Usha Goswami, com o objetivo de ampliar o entendimento do sistema nervoso no processo de aprendizagem. Entre diversos temas, as dificuldades de aprendizagem relacionadas à fala, escrita, leitura e matemática são os mais focados. Diversos conhecimentos já foram produzidos pela equipe de Goswami, e novas formas de entendimento e intervenções para os portadores de distúrbios da aprendizagem já foram comprovados, agora basta a aplicação deste conhecimento na sociedade.
Nesse início de século, temos mais conhecimento de ponta sobre o desenvolvimento do sistema nervoso, processamento cognitivo e aprendizagem humana, que todos os outros juntos. Porém, nossa sociedade ainda vive das crenças, teorias e metodologias defasadas, e com isso, nosso sistema educacional se mantém em um patamar semelhante há 100 anos. Cabe repensar as ações tomadas, o discurso vendido nas formações dos atuais profissionais, ser flexível ao novo e permitir a atualização da visão defasada. Afinal de contas, ninguém anda hoje em dia com um pombo-correio no bolso, mas todos tem um celular. Então, por que ainda carregamos a velha forma de educação, quando temos uma atualizada e com maior eficácia nos esperando? Até o próximo paper...
Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

terça-feira, 20 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (03)
 
Existem diversas formas de abordagem para os transtornos de déficit de atenção, hiperatividade e déficit de atenção com hiperatividade. A mais conhecida é a farmacológica, a qual utiliza estimuladores do sistema nervoso central (SNC), buscando compensar a baixa ativação do córtex frontal. Depois temos as abordagens psicológicas e psicopedagógicas, sendo que a mais utilizada é a cognitiva comportamental. E com índice bem menor de emprego, mas não de menor eficiência e eficácia, existem as abordagem biotecnológicas, que realizam reeducação do sistema neurofisiológico. Esse tipo de abordagem requer a utilização de modernos equipamentos tecnológicos de leitura, processamento, análise e resposta em tempo real do sistema nervoso em sua plenitude de funcionamento. Uma delas é conhecida como Estimulação Transcraniana Magnética, que usa disparos eletromagnéticos sobre o crânio, fazendo com que os neurônios de determinada área deixem de trabalhar de determinada maneira e venham a trabalhar de outra. Esta abordagem é mais invasiva, pois obriga o cérebro a trabalhar em determinado ritmo.


A outra, se utiliza do processo de aprendizagem neural através de retroalimentação neurofisiológica, e é conhecida como treinamento neurocognitivo ou mais popularmente treinamento de Neurofeedback. A abordagem utiliza equipamentos de eletroencefalografia e software avançado para análise do sinal cerebral, sinal esse que é apresentado à pessoa que realiza o treinamento, e assim ela aprende a ajustar sua base neurofisiológica. Essa abordagem é muito utilizada na América do Norte e Europa, no Brasil ainda é pouca conhecida e divulgada, porém apresenta excelentes resultados nos quadros de TDAH. O Neurofeedback não é exclusivo para o TDAH, podendo ser utilizado para resolução de diversos outros problemas, através dos treinos, como pode ser visto no vídeo http://www.youtube.com/watch?v=SKY-TlAt4co.  Em outra oportunidade escreveremos com mais detalhes a abordagem realizada por essa técnica.
Para finalizarmos esse assunto, voltamos a lembrar que a grande maioria dos problemas de TDAH são de ordem funcional, principalmente do córtex frontal, sendo assim, a base para o tratamento a reestruturação da função desta área cerebral, a qual pode ser realizada de diversas formas, e, como vimos acima, apenas é preciso saber qual a mais eficiente para determinada pessoa e qual não afetará o funcionamento de outras áreas cerebrais.

Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro
O Cérebro (03)

Hoje voltamos a nossa jornada sobre o cérebro. No último paper sobre o assunto, tínhamos escrito que a medula espinal foi um grande avanço no que se trata em organização e processamento neural. Em paralelo à evolução da medula espinal e até antes dela, outra forma de organização nervosa apareceu, sendo formada por pequenos grupos de neurônios, os quais aos poucos foram se aperfeiçoando em determinada função. Estes grupos de neurônios hoje são conhecidos como gânglios, já estavam presentes em diversos animais primitivos, e os que ainda não foram extintos, possuem os gânglios como centro nervoso superior. Em nós seres humanos, os principais gânglios nervosos e também os mais conhecidos são os gânglios simpáticos e os gânglios parassimpáticos.
Na verdade a medula espinal também é formada por diversos gânglios, porém distribuídos de forma diferente.  É por isso que dissemos que a medula espinal e a base nervosa ganglionar tiveram uma evolução paralela e provavelmente de um ancestral orgânico em comum, onde cada um se especializou em determinada função e estrutura, sendo que em determinados seres apenas um destes sistemas se manteve, já nos seres superiores, como nós humanos, ambos foram preservados.
Como descrito anteriormente, e semelhante à medula espinal, os gânglios são capazes de realizar cognição em um nível um pouco mais complexo do que a comunicação neural simples. Porém, na maioria dos seres mais evoluídos, eles apenas fazem parte da base simples da cognição, sendo diretamente monitorados pelo tronco encefálico. Geralmente existe uma fina comunicação e autoajuste entre a base ganglionar e o tronco encefálico, fazendo que o comportamento gerado seja um conjunto de ambos. Porém, algumas doenças ou síndromes afetam o bom funcionamento do sistema ganglionar simpático e parassimpático, provocando diversos problemas de ordem orgânica e mental.
Os gânglios simpáticos e parassimpáticos estão envolvidos com a regulação de diversos órgãos e glândulas de nosso corpo, e são conhecidos como sistema nervoso autônomo. Este sistema possui três locais de processamento, os gânglios periféricos, o tronco encefálico e o hipotálamo. De forma bem resumida, o sistema autônomo é o grande responsável pela autorregulação orgânica e pela manutenção de um meio favorável à vida, sendo que uma desregulação deste sistema provoca um desequilíbrio do estado ideal de preservação dos demais sistemas orgânicos, podendo levar a morte.
Devido a sua importância na preservação da base fisiológica da vida, o estado de equilíbrio entre o sistema autônomo simpático e parassimpático se faz necessário, para que seja possível realizar processamentos cognitivos de nível superior. Nos arredores da década de 50 do século XX, um psicólogo chamado Abraham Harold Maslow, buscou o conhecimento da neurofisiologia para embasar seus estudos sobre Teoria a respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas, e em 1954 publicou o livro "Motivation and Personality", o qual trás sua famosa pirâmide de necessidades humanas (muito conhecida na área de gestão), onde sabiamente colocou como base de sua pirâmide as necessidades fisiológicas, as quais são constantemente monitoradas pelo sistema autônomo. Sem a estabilidade deste sistema, não é possível conseguirmos realizar com grande perfeição as ações dos outros níveis de cognição.
Mas o que tudo isso tem a haver com o nosso dia-a-dia? A resposta é simples: não se tem bom aprendizado com fome, frio, medo, raiva...  como também não se consegue ótimas soluções no trabalho com baixo nível de glicose no sangue, altos níveis de triglicerídeos circulando, com ruído excessivo, com excesso de tarefas.......todos esses fatores que relatamos são ativadores do sistema simpático, fazendo com com que as áreas superiores do nosso cérebro se preocupem em achar uma solução para a vida, e não com a pergunta básica do momento: “quantos são 2 + 2?”. Para o sistema autônomo essa questão não está nas prioridades da vida.
Em outro paper veremos como são organizadas as estruturas mais evoluídas de nosso sistema nervoso, até o próximo....
Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

sexta-feira, 16 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (02)

Continuando... Este efeito de redução no número de receptores e a consequente necessidade da elevação da dosagem do fármaco faz com que ocorra uma mudança na microestrutura cerebral, semelhante ao que acontece com usuário de drogas após um determinado tempo de uso. Dependendo do tempo de utilização do fármaco, será necessário um tempo de redução considerável para que o sistema nervoso consiga voltar a realizar suas funções normais, sem que haja abstinência. Mas, voltando ao transtorno, devemos ter em mente alguns pontos chaves:
a) toda criança é enérgica, umas mais e outras menos, então cuidado ao dizer que tudo é hiperatividade;
b) é normal crianças criarem um mundo imaginário e divagarem em determinadas situações, então cuidado ao dizer que tudo é desatenção;
c) existem os que apresentam apenas déficit de atenção sem hiperatividade, sendo taxados de queridinhos, centrados e focados, e, por muitas vezes os professores e pais dizem “não entendo como não aprende, é tão centrado(a)!”, então cuidado em enquadrar todos os quietos como atentos, atenção não tem nada a haver com quietude, tem haver com foco e manutenção do foco;
d) existem os que apenas apresentam hiperatividade sem déficit de atenção, não param um segundo, mexem em tudo, são os castigos dos pais e professores - que costumam dizer “ele não para, é mal comportado, vive incomodando, mas tem muita sorte, pois vai bem nas avaliações!”, cuidado em rotular todos os agitados como desatentos, muitos apresentam atenção acima da média, e, muitas vezes por isso, tendem a ser mais dinâmicos, o que pode ser confundido com a hiperatividade.  Então, cuidado! A hiperatividade não tem nada a ver com desatenção e falta de capacidade cognitiva e sim com necessidades de dinamismo nas atividades e inquietude motora;
e) e por último se encontra o grupo dos que apresentam déficit de atenção e também a hiperatividade. Eles não costumam parar quietos e não mantém o foco em nada, mas isso não significa que não consigam aprender, sendo apenas necessária uma forma diferente de abordagem para eles. Pais e professores costumam dizer: “não sei mais o que fazer com ele, já falamos mais de mil vezes, já levamos a vários profissionais, mas nada adianta, acho que ele nunca vai conseguir ser alguém!”. Precisamos compreender que os discursos direcionados para se focarem e pararem quietos não funcionam! Não está sob o controle deles a perda de foco e a agitação, e o melhor a ser feito é auxiliar no desenvolvimento de um ambiente que propicie uma mudança na base neurofisiológica, permitindo que o seu comportamento possa mudar aos poucos.
Existem diversas formas de reestruturação neurofisiológica para os casos de déficit de atenção, para os de hiperatividade e para os de déficit de atenção e hiperatividade, e até os fármacos são mais apropriados para um, e não são indicados à outro. Quais seriam essas formas? Daremos tempo para vocês investigarem e levantarem suas próprias hipóteses. Em breve retornaremos....

Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

quinta-feira, 15 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (01)
Hoje vamos deixar de escrever nossa sequência sobre a estrutura do cérebro para relatar sobre um tema que muitas pessoas nos questionam: TDAH. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade conhecido como TDAH, tem crescido drasticamente nos últimos anos, em número de casos registrados pelos órgãos de saúde. O transtorno apresenta diversas possíveis causas, porém a desregulação neurofisiológica dos lobos frontais são os responsáveis pelo maior percentual dos efeitos observados. O lobo frontal, com desenvolvimento expandido nos seres humanos, tem a grande função de monitorar as demais áreas do cérebro, bem como dirigir o foco de atenção e planejar as ações futuras. Ele não é uma unidade única, mas sim formado por diversas pequenas subáreas, as quais são responsáveis pelo processamento fino de diversas habilidades mentais de nível hierárquico elevado. É o último lobo a se maturar, sendo que essa maturação é variável de pessoa para pessoa, dentro da faixa que vai dos 16 aos 25 anos. Além da maturação tardia, é o mais frágil dos centros cerebrais, sujeito a desregulação por desnutrição, fatores ambientais, drogas, estresses e sobrecarga cognitiva e emocional.
O TDAH tem um fator genético muito forte, porém apenas 2% dos casos são irreversíveis. Os estudos tem apontado uma alteração na capacidade de oxigenação, bem como uma mudança na base dopaminérgica e noradrenérgia das áreas frontais, o que faz com que seu portador apresente um comportamento de desatenção e hiperatividade, que na verdade é causada por um lobo frontal lento, o qual não consegue monitorar e elaborar respostas a tempo hábil para frear as ações equivocadas de outras áreas do cérebro.
Muitos portadores de TDAH apresentam reversão do seu quadro após o amadurecimento do córtex frontal. Porém, uma grande maioria não consegue atingir essa reversão. Mesmo os que conseguem, relatam que durante o período do transtorno, tiveram uma vida muito frustrante, e que não trazem boas recordações daquela época. Hoje, a maioria dos tratamentos é mediado através de fármacos, principalmente com Ritalina (em outra ocasião falaremos sobre ação deste fármaco no cérebro), os quais agem principalmente sobre os recaptadores de dopamina e noradrenalina, fazendo que estes dois neurotransmissores se mantenham por muito mais tempo na fenda sináptica e com isso aumente a probabilidade de acionar os receptores na membrana pós-sináptica.
Todos os fármacos agem no efeito do problema, são ótimos para neutralizar o problema, nos dando tempo para identificar e neutralizar o causador do distúrbio. Porém, hoje eles são utilizados como forma de tratamento da causa, o que não é verdade. Explicaremos o porquê. Todo neurônio tem conhecimento de si e dos seus companheiros a sua volta, bem como das substâncias que estão no seu espaço extracelular. Quando colocamos substâncias que amplifiquem a concentração de outras, os neurônios afetados agem retirando seus receptores, buscando um estado de equilíbrio. Desta forma, a causa não é neutralizada, e sim, uma quantidade maior da substância terá que ser fornecida, para que o mesmo efeito seja alcançado. Continuaremos ...
Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

quarta-feira, 14 de março de 2012

O Cérebro (02

Depois da organização das redes periféricas, o próximo passo majestoso da natureza, foi o desenvolvimento de um centro básico de recebimento e distribuição dos cabos que chegam e saem do SNC. Em nosso corpo, esse centro é conhecido como medula espinal ou espinhal, a qual possui diversas funções. Em seres vivos de nível baixo na escala evolutiva, a medula espinal é o nível mais elevado de hierarquia do sistema nervoso. Através desses seres, somos capazes de observar o quanto é complexa e rica a base nervosa da medula espinal. Ela é capaz de realizar cognição em um nível muito mais refinado que as ligações locais realizadas pelo sistema periférico.
A aquisição da informação para análise, processamento e a seleção da resposta, se apresentam em um grau mais elaborado e organizado. A medula espinal é responsável pela grande maioria das ações que conhecemos como reflexos. Ela está estruturalmente organizada de forma que possibilite, ao mesmo tempo, realizar seu nível de cognição e conduzir informações aos níveis superiores de processamento cognitivo. Em nós, seres humanos, grande parte das ações básicas de controle e monitoramento básico motor, são de responsabilidade da medula espinal. Ela nos permite o tônus muscular ideal, a propriocepção de nossas articulações, entre outras ações. Hoje sabemos que as atividades que provocam ativação do sistema espinal, trazem diversas melhorias na base cognitiva de hierarquia superior. Os relatos de pessoas paraplégicas, que observam melhoras na capacidade de concentração, estado de humor e estado emocional, após iniciarem a prática de exercícios funcionais e equoterapia, estão relacionadas às melhoras na qualidade do sistema espinal, o qual estava em estado de atrofia devido ao acidente ou distúrbios.
Como podemos ver, a medula espinal foi uma estrutura necessária na construção evolutiva do sistema nervoso, (mas não indispensável à vida, assim como o sistema nervoso também não é), que permitiu ampliar a complexidade dos seres.
Continuaremos no próximo Paper, até mais.


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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

terça-feira, 13 de março de 2012

O Cérebro (01)

A forma mais fácil para entendermos como o cérebro funciona, é realizando analogias com o mundo palpável ao nosso redor. Imagine que a natureza ao iniciar sua demorada construção da estrutura do cérebro tenha adquirido preciosas informações com um engenheiro civil, um arquiteto e um designer. Desta forma, a primeira coisa que ela fez, foi o desenvolvimento das redes de ligações, assim como em um edifício, onde antes de erguê-lo é necessário deixar os locais para passagem da rede hidráulica, elétrica e etc. Estes locais são a base primária em toda construção. No cérebro não é diferente, sua base primária são as redes de nervos periféricos, que levam informações ao sistema nervoso central (SNC) – vias aferentes ou sensórias – e as que levam informações do SNC para outros sistemas do corpo – vias eferentes ou motoras.
A ligação dessas vias, diferentemente das redes que possuem ligação direta que estamos acostumados a ver (como as redes elétricas, telefônicas e outras), são realizadas com a passagem da informação de um neurônio para outro, sendo que cada neurônio, ou pequenos grupos deles, já realizam uma pequena parcela de interpretação e modificação do sinal que recebeu e em seguida repassa ao próximo. É nesses neurônios iniciais, que se forma processo cognitivo mais básico, isto é, onde é realizada a base da decodificação, interpretação e geração de respostas. Por que tudo isso é importante? Porque tendemos a glorificar a autocognição, o nível mais alto de hierarquia cognitiva, esquecendo que erros nos processamentos básicos, levam informações equivocadas para os níveis superiores, que realizarão um processamento correto, porém com informações erradas.
Com isso, respostas certas são geradas para a informação analisada, mas erradas para o comportamento que deveria ser realizado sobre a informação real, a qual foi distorcida pelo sistema básico. Muitas das intervenções clínicas, terapêuticas e pedagógicas, são realizadas sobre o nível mais alto de hierarquia cognitiva, porém, muitos dos causadores dos problemas, não estão nesse nível, e sim, em níveis mais baixos. O resultado é lento e, na maioria das vezes, pouco eficiente. Não existem fórmulas mágicas para trabalharmos com o cérebro. O que existe hoje são conhecimentos suficientes para identificarmos onde está o(s) causador(es) do problema, e através de planejamento estruturado, elaborar um plano de ação dinâmico e flexível, o qual conduzirá o cérebro às mudanças necessárias dentro do nível que se encontra instalado a causa. Continuaremos nossa jornada de conhecimento do cérebro no próximo Paper.

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Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Abnara Neurociência é um dos departamentos da empresa Abnara, com o objetivo de passar informações atualizadas quanto a Neurociência e seus ramos de aplicação. Desta forma, trará conteúdos direcionados para a educação, esportes, saúde, empreendedorismo e gestão. Nos próximos dias, diversos textos serão publicados no blog, bem como relatos de casos aplicados. Os profissionais Valdeci Foza, Alessandra Kayser Pinheiro e Matheus Mangini Bertuzzo estarão editando e recebendo materiais de diversos profissionais da área para postar no blog. Acompanhe nosso blog e nos escreva, será um prazer compartilhar idéias e conhecimento com vocês.

por Valdeci Foza
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