sexta-feira, 16 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (02)

Continuando... Este efeito de redução no número de receptores e a consequente necessidade da elevação da dosagem do fármaco faz com que ocorra uma mudança na microestrutura cerebral, semelhante ao que acontece com usuário de drogas após um determinado tempo de uso. Dependendo do tempo de utilização do fármaco, será necessário um tempo de redução considerável para que o sistema nervoso consiga voltar a realizar suas funções normais, sem que haja abstinência. Mas, voltando ao transtorno, devemos ter em mente alguns pontos chaves:
a) toda criança é enérgica, umas mais e outras menos, então cuidado ao dizer que tudo é hiperatividade;
b) é normal crianças criarem um mundo imaginário e divagarem em determinadas situações, então cuidado ao dizer que tudo é desatenção;
c) existem os que apresentam apenas déficit de atenção sem hiperatividade, sendo taxados de queridinhos, centrados e focados, e, por muitas vezes os professores e pais dizem “não entendo como não aprende, é tão centrado(a)!”, então cuidado em enquadrar todos os quietos como atentos, atenção não tem nada a haver com quietude, tem haver com foco e manutenção do foco;
d) existem os que apenas apresentam hiperatividade sem déficit de atenção, não param um segundo, mexem em tudo, são os castigos dos pais e professores - que costumam dizer “ele não para, é mal comportado, vive incomodando, mas tem muita sorte, pois vai bem nas avaliações!”, cuidado em rotular todos os agitados como desatentos, muitos apresentam atenção acima da média, e, muitas vezes por isso, tendem a ser mais dinâmicos, o que pode ser confundido com a hiperatividade.  Então, cuidado! A hiperatividade não tem nada a ver com desatenção e falta de capacidade cognitiva e sim com necessidades de dinamismo nas atividades e inquietude motora;
e) e por último se encontra o grupo dos que apresentam déficit de atenção e também a hiperatividade. Eles não costumam parar quietos e não mantém o foco em nada, mas isso não significa que não consigam aprender, sendo apenas necessária uma forma diferente de abordagem para eles. Pais e professores costumam dizer: “não sei mais o que fazer com ele, já falamos mais de mil vezes, já levamos a vários profissionais, mas nada adianta, acho que ele nunca vai conseguir ser alguém!”. Precisamos compreender que os discursos direcionados para se focarem e pararem quietos não funcionam! Não está sob o controle deles a perda de foco e a agitação, e o melhor a ser feito é auxiliar no desenvolvimento de um ambiente que propicie uma mudança na base neurofisiológica, permitindo que o seu comportamento possa mudar aos poucos.
Existem diversas formas de reestruturação neurofisiológica para os casos de déficit de atenção, para os de hiperatividade e para os de déficit de atenção e hiperatividade, e até os fármacos são mais apropriados para um, e não são indicados à outro. Quais seriam essas formas? Daremos tempo para vocês investigarem e levantarem suas próprias hipóteses. Em breve retornaremos....

Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

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