terça-feira, 20 de março de 2012

O Cérebro (03)

Hoje voltamos a nossa jornada sobre o cérebro. No último paper sobre o assunto, tínhamos escrito que a medula espinal foi um grande avanço no que se trata em organização e processamento neural. Em paralelo à evolução da medula espinal e até antes dela, outra forma de organização nervosa apareceu, sendo formada por pequenos grupos de neurônios, os quais aos poucos foram se aperfeiçoando em determinada função. Estes grupos de neurônios hoje são conhecidos como gânglios, já estavam presentes em diversos animais primitivos, e os que ainda não foram extintos, possuem os gânglios como centro nervoso superior. Em nós seres humanos, os principais gânglios nervosos e também os mais conhecidos são os gânglios simpáticos e os gânglios parassimpáticos.
Na verdade a medula espinal também é formada por diversos gânglios, porém distribuídos de forma diferente.  É por isso que dissemos que a medula espinal e a base nervosa ganglionar tiveram uma evolução paralela e provavelmente de um ancestral orgânico em comum, onde cada um se especializou em determinada função e estrutura, sendo que em determinados seres apenas um destes sistemas se manteve, já nos seres superiores, como nós humanos, ambos foram preservados.
Como descrito anteriormente, e semelhante à medula espinal, os gânglios são capazes de realizar cognição em um nível um pouco mais complexo do que a comunicação neural simples. Porém, na maioria dos seres mais evoluídos, eles apenas fazem parte da base simples da cognição, sendo diretamente monitorados pelo tronco encefálico. Geralmente existe uma fina comunicação e autoajuste entre a base ganglionar e o tronco encefálico, fazendo que o comportamento gerado seja um conjunto de ambos. Porém, algumas doenças ou síndromes afetam o bom funcionamento do sistema ganglionar simpático e parassimpático, provocando diversos problemas de ordem orgânica e mental.
Os gânglios simpáticos e parassimpáticos estão envolvidos com a regulação de diversos órgãos e glândulas de nosso corpo, e são conhecidos como sistema nervoso autônomo. Este sistema possui três locais de processamento, os gânglios periféricos, o tronco encefálico e o hipotálamo. De forma bem resumida, o sistema autônomo é o grande responsável pela autorregulação orgânica e pela manutenção de um meio favorável à vida, sendo que uma desregulação deste sistema provoca um desequilíbrio do estado ideal de preservação dos demais sistemas orgânicos, podendo levar a morte.
Devido a sua importância na preservação da base fisiológica da vida, o estado de equilíbrio entre o sistema autônomo simpático e parassimpático se faz necessário, para que seja possível realizar processamentos cognitivos de nível superior. Nos arredores da década de 50 do século XX, um psicólogo chamado Abraham Harold Maslow, buscou o conhecimento da neurofisiologia para embasar seus estudos sobre Teoria a respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas, e em 1954 publicou o livro "Motivation and Personality", o qual trás sua famosa pirâmide de necessidades humanas (muito conhecida na área de gestão), onde sabiamente colocou como base de sua pirâmide as necessidades fisiológicas, as quais são constantemente monitoradas pelo sistema autônomo. Sem a estabilidade deste sistema, não é possível conseguirmos realizar com grande perfeição as ações dos outros níveis de cognição.
Mas o que tudo isso tem a haver com o nosso dia-a-dia? A resposta é simples: não se tem bom aprendizado com fome, frio, medo, raiva...  como também não se consegue ótimas soluções no trabalho com baixo nível de glicose no sangue, altos níveis de triglicerídeos circulando, com ruído excessivo, com excesso de tarefas.......todos esses fatores que relatamos são ativadores do sistema simpático, fazendo com com que as áreas superiores do nosso cérebro se preocupem em achar uma solução para a vida, e não com a pergunta básica do momento: “quantos são 2 + 2?”. Para o sistema autônomo essa questão não está nas prioridades da vida.
Em outro paper veremos como são organizadas as estruturas mais evoluídas de nosso sistema nervoso, até o próximo....
Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

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