quinta-feira, 15 de março de 2012

Déficit de Atenção e Hiperatividade (01)
Hoje vamos deixar de escrever nossa sequência sobre a estrutura do cérebro para relatar sobre um tema que muitas pessoas nos questionam: TDAH. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade conhecido como TDAH, tem crescido drasticamente nos últimos anos, em número de casos registrados pelos órgãos de saúde. O transtorno apresenta diversas possíveis causas, porém a desregulação neurofisiológica dos lobos frontais são os responsáveis pelo maior percentual dos efeitos observados. O lobo frontal, com desenvolvimento expandido nos seres humanos, tem a grande função de monitorar as demais áreas do cérebro, bem como dirigir o foco de atenção e planejar as ações futuras. Ele não é uma unidade única, mas sim formado por diversas pequenas subáreas, as quais são responsáveis pelo processamento fino de diversas habilidades mentais de nível hierárquico elevado. É o último lobo a se maturar, sendo que essa maturação é variável de pessoa para pessoa, dentro da faixa que vai dos 16 aos 25 anos. Além da maturação tardia, é o mais frágil dos centros cerebrais, sujeito a desregulação por desnutrição, fatores ambientais, drogas, estresses e sobrecarga cognitiva e emocional.
O TDAH tem um fator genético muito forte, porém apenas 2% dos casos são irreversíveis. Os estudos tem apontado uma alteração na capacidade de oxigenação, bem como uma mudança na base dopaminérgica e noradrenérgia das áreas frontais, o que faz com que seu portador apresente um comportamento de desatenção e hiperatividade, que na verdade é causada por um lobo frontal lento, o qual não consegue monitorar e elaborar respostas a tempo hábil para frear as ações equivocadas de outras áreas do cérebro.
Muitos portadores de TDAH apresentam reversão do seu quadro após o amadurecimento do córtex frontal. Porém, uma grande maioria não consegue atingir essa reversão. Mesmo os que conseguem, relatam que durante o período do transtorno, tiveram uma vida muito frustrante, e que não trazem boas recordações daquela época. Hoje, a maioria dos tratamentos é mediado através de fármacos, principalmente com Ritalina (em outra ocasião falaremos sobre ação deste fármaco no cérebro), os quais agem principalmente sobre os recaptadores de dopamina e noradrenalina, fazendo que estes dois neurotransmissores se mantenham por muito mais tempo na fenda sináptica e com isso aumente a probabilidade de acionar os receptores na membrana pós-sináptica.
Todos os fármacos agem no efeito do problema, são ótimos para neutralizar o problema, nos dando tempo para identificar e neutralizar o causador do distúrbio. Porém, hoje eles são utilizados como forma de tratamento da causa, o que não é verdade. Explicaremos o porquê. Todo neurônio tem conhecimento de si e dos seus companheiros a sua volta, bem como das substâncias que estão no seu espaço extracelular. Quando colocamos substâncias que amplifiquem a concentração de outras, os neurônios afetados agem retirando seus receptores, buscando um estado de equilíbrio. Desta forma, a causa não é neutralizada, e sim, uma quantidade maior da substância terá que ser fornecida, para que o mesmo efeito seja alcançado. Continuaremos ...
Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro

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