Déficit de
Atenção e Hiperatividade (01)
Hoje vamos deixar
de escrever nossa sequência sobre a estrutura do cérebro para relatar sobre um
tema que muitas pessoas nos questionam: TDAH. O Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade conhecido como TDAH, tem crescido drasticamente nos
últimos anos, em número de casos registrados pelos órgãos de saúde. O
transtorno apresenta diversas possíveis causas, porém a desregulação
neurofisiológica dos lobos frontais são os responsáveis pelo maior percentual
dos efeitos observados. O lobo frontal, com desenvolvimento expandido nos seres
humanos, tem a grande função de monitorar as demais áreas do cérebro, bem como
dirigir o foco de atenção e planejar as ações futuras. Ele não é uma unidade
única, mas sim formado por diversas pequenas subáreas, as quais são
responsáveis pelo processamento fino de diversas habilidades mentais de nível hierárquico
elevado. É o último lobo a se maturar, sendo que essa maturação é variável de
pessoa para pessoa, dentro da faixa que vai dos 16 aos 25 anos. Além da maturação
tardia, é o mais frágil dos centros cerebrais, sujeito a desregulação por
desnutrição, fatores ambientais, drogas, estresses e sobrecarga cognitiva e
emocional.
O TDAH tem
um fator genético muito forte, porém apenas 2% dos casos são irreversíveis. Os
estudos tem apontado uma alteração na capacidade de oxigenação, bem como uma
mudança na base dopaminérgica e noradrenérgia das áreas frontais, o que faz com
que seu portador apresente um comportamento de desatenção e hiperatividade, que
na verdade é causada por um lobo frontal lento, o qual não consegue monitorar e
elaborar respostas a tempo hábil para frear as ações equivocadas de outras
áreas do cérebro.
Muitos
portadores de TDAH apresentam reversão do seu quadro após o amadurecimento do
córtex frontal. Porém, uma grande maioria não consegue atingir essa reversão.
Mesmo os que conseguem, relatam que durante o período do transtorno, tiveram
uma vida muito frustrante, e que não trazem boas recordações daquela época.
Hoje, a maioria dos tratamentos é mediado através de fármacos, principalmente
com Ritalina (em outra ocasião falaremos sobre ação deste fármaco no cérebro),
os quais agem principalmente sobre os recaptadores de dopamina e noradrenalina,
fazendo que estes dois neurotransmissores se mantenham por muito mais tempo na
fenda sináptica e com isso aumente a probabilidade de acionar os receptores na
membrana pós-sináptica.
Todos os fármacos
agem no efeito do problema, são ótimos para neutralizar o problema, nos dando
tempo para identificar e neutralizar o causador do distúrbio. Porém, hoje eles
são utilizados como forma de tratamento da causa, o que não é verdade. Explicaremos
o porquê. Todo neurônio tem conhecimento de si e dos seus companheiros a sua
volta, bem como das substâncias que estão no seu espaço extracelular. Quando
colocamos substâncias que amplifiquem a concentração de outras, os neurônios
afetados agem retirando seus receptores, buscando um estado de equilíbrio.
Desta forma, a causa não é neutralizada, e sim, uma quantidade maior da
substância terá que ser fornecida, para que o mesmo efeito seja alcançado. Continuaremos
...
Por
Valdeci Foza
Alessandra Kayser Pinheiro
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